Espírito: Humberto de
Campos
Livro - 014 / Ano -
1942 / Editora - FEB
Passagens evangélicas de expressiva beleza, em que Jesus com
seus discípulos e outras conhecidas personagens trazem lições de sabedoria ao
homem atual. Reúne trinta episódios que envolvem o leitor pela ternura e
encanto de situações relacionadas com a presença do Cristo de Deus. O autor
lembra que todas as expressões evangélicas têm, entre nós, a sua história viva.
Psicografado pelo médium Chico Xavier na década de 40,
"Boa Nova" foi ditado pelo Espírito de um dos mais respeitados
escritores brasileiros: Humberto de Campos. O livro é uma reunião de pequenas
histórias em que Jesus e seus primeiros seguidores são os personagens
principais. A cada narrativa de "Boa Nova", emoções renovadas, sobre
sentimentos, grandeza moral... Afinal, são situações em que Jesus surge em sua
dimensão, como amigo, filho, companheiro de viagem e educador de consciências
também na convivência diária.
Na Escola do Evangelho
Oferecendo esse esforço modesto ao amigo leitor, julgo
prudente endereçar-lhe uma explicação, quanto à gênese destas páginas.
Dentro delas, sou o primeiro a reconhecer que os meus temas
não são os mesmos. Os que se preocupam com a expressão fenomênica da forma não
encontrarão, talvez, o mesmo estilo. Em período algum, faço referências de
sabor mitológico. E naqueles velhos amigos que, como eu próprio aí no mundo,
não conseguem atinar com as realidades da sobrevivência, surpreendo, por
antecipação, as considerações mais estranhas. Alguns perguntarão, com certeza,
se fui promovido a ministro evangélico.
Semelhante administração pode ser natural, mas não será
muito justa. O gosto literário sempre refletiu as condições da vida do Espírito.
Não precisamos muitos exemplos para justificar a afirmação.. Minha própria
atividade literária, na Terra, divide-se em duas fases essencialmente
distintas. A página do Conselheiro XX é muito diversa das em que vazei as
emoções novas a dor, como lâmpada maravilhosa, me fazia descobrir, no país da
minhalma.
Meu problema atual não é o de escrever para agradar, mas o
de escrever com proveito.
Sei quão singelo é o esforço presente; entretanto, desejo
que ele reflita o meu testemunho de admiração por todos os que trabalham pelo
Evangelho no Brasil.
Nas esferas mais próximas da Terra, os nossos labores por
afeiçoar sentimentos, a exemplo do Cristo, são também minuciosos e intensos.
Escolas numerosas se multiplicam, para os espíritos desencarnados. E eu, que
sou agora um discípulo humilde desse educandário de Jesus, reconheci que os
planos espirituais têm também o seu folclore. Os feitos heroicos e abençoados,
muitas vezes anônimos no mundo, praticados por seres desconhecidos, encerram
aqui profundas lições, em que encontramos forças novas. Todas as expressões
evangélicas têm, entre nós, a sua história viva. Nenhuma delas é símbolo
superficial. Inumeráveis observações sobre o Mestre e seus continuadores
palpitam nos corações estudiosos e sinceros.
Dos milhares de episódios desse folclore do céu, consegui
reunir trinta e trazer ao conhecimento do amigo generoso que me concede a sua
atenção. Concordo em que é pouco: mas isso deve valer como tentativa útil, pois
estou certo de que não me faltou o auxílio indispensável.
Hoje, não mais cogito de crer, porque sei. E aquele Mestre
de Nazaré polariza igualmente as minhas esperanças. Lembro-me de que, um dia
palestrando com alguns amigos protestantes, notei que classificavam a Jesus
como "rocha dos séculos". Sorri e passei, como os pretensos espíritos fortes de
nossa época, aí no mundo. Hoje, porém, já não posso sorrir, nem passar. Sinto a
"rocha" milenária, luminosa e sublime, que nos sustenta o coração atolado no
pântano de misérias seculares. E aqui estou para lhe prestar o meu preito de
reconhecimento com estas páginas simples, cooperando com os que trabalham
devotadamente na sua causa divina, de luz e redenção.
Jesus vê que no vaso imundo de meu espírito penetrou uma
gota de seu amor desvelado e compassivo. O homem perverso, que chegava da
Terra, encontrou o raio de luz destinado à purificação de seu santuário. Ele
ampara os meus pensamentos com a sua bondade sem limites. A ganga terrena ainda
abafa, em meu coração, o ouro que me deu da sua misericórdia; mas, como Bartolomeu,
já possuo o bom ânimo para enfrentar os inimigos de minha paz, que se abrigam
em mim mesmo. Tenho a alegria do Evangelho, porque reconheço que o seu amor não
me desampara. Confiado nessa proteção amiga e generosa, meu Espírito trabalha e
descansa.
Agora, para consolidar a estranheza dos que me leem, com o
sabor de crítica, tão ao gosto do nosso tempo, justificando a substância real
das narrativas deste livro, citarei o apóstolo Marcos, quando diz ( 4: 34 ): "E
sem parábola nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus
discípulos", e o apóstolo João, quando afirmava ( 21: 25): "Há, porém, ainda
muitas outras coisas que Jesus fez e que, se cada uma de per si fosse escrita,
cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem".
E é só. Como se vê, não faço referência aos
clássicos da literatura antiga ou contemporânea. Cito Marcos e João. É que
existem Espíritos esclarecidos e Espíritos evangelizados, e eu, agora, peço a
Deus que abençoe a minha esperança de pertencer ao número destes últimos